"As pessoas querem perguntar sobre minha vida, mas se vocês simplesmente olharem para as coisas que eu escrevo, ai sim saberão de toda minha história." (Marilyn Manson)

domingo, 18 de março de 2012

Pipoca e piruá - Filosofando

Belíssimo o texto abaixo. Me colocou pra refletir...
Quem nunca vivenciou momentos duros, quase impossíveis de suportar e sobreviveu? Quem nunca decepcionou e quem nunca foi decepcionado?
Quantas vezes nos vemos em situações onde ficamos descrentes de tudo e todos?

Um dia me disseram que a dor faz parte da evolução. Na ocasião não entendi, hoje vejo que tudo estava meio que fadado a acontecer. E na maioria das vezes que nos vemos em sofrimento temos duas alternativas: se entregar ou lutar.

Lutar não significa deixar de sofrer, e sim buscar alternativas e fazer do sofrimento um aprendizado. Lutar é evoluir, é recomeçar, é criar meios de desfazer mal entendidos, de obter a cura, de ver com otimismo algo que não tem solução. De perdoar, de agregar, de nascer de novo e, porque não, mudar? 
Mudar pra melhor, ser alguém mais maleável, é saber ponderar, remediar, apaziguar. É levantar o astral, é elevar os pensamentos, é afastar o mal e trazer de volta o bem!
É o beijo, o abraço, o carinho, a ternura. Palavras doces, coração sincero, alma lavada!

Se entregar é definhar, desistir, negar, desdenhar, omitir...se omitir! É puxar pra dentro de si o peso de algo que pode ser resolvido. É encarar uma situação como definitiva, sem solução. É não perdoar, é sucumbir ao ódio, é se deixar contaminar, é afastar pessoas, é se deixar levar, é ceder ao mal, se punir, se vangloriar pelo orgulho de ser imutável.

E nesse ringue da entrega com a luta, somos como milhos de pipoca. A panela esquenta, e se torna vencedor aquele que ao receber o calor se permite evoluir. Quem come pipoca sabe que aquele tal milho que teima em não estourar (o tal do piruá) só tem um destino: continua no fundo do saco de pipoca e vai pro lixo...uma pena...se tivesse estourado o seu destino seria bem mais saboroso!





EIS O TEXTO: 
MILHO DE PIPOCA 

"Milho de pipoca que não passa pelo fogo 
Continua a ser milho para sempre."
Assim acontece com a gente.
As grandes transformações acontecem
Quando passamos pelo fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do
Mesmo jeito a vida inteira.
São pessoas de uma mesmice e
uma Dureza assombrosa.
Só que elas não percebem e acham que
Seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos lança numa
Situação que nunca imaginamos: a dor.

Pode ser fogo de fora:
Perder um amor, perder um filho, o pai,
a Mãe, perder o emprego ou ficar pobre.

Pode ser fogo de dentro:
Pânico, medo, ansiedade, depressão ou
Sofrimento, cujas causas ignoramos.

Há sempre o recurso do remédio:
Apagar o fogo! Sem fogo o sofrimento
Diminui. Com isso, a possibilidade da
Grande transformação também.

Imagino que a pobre pipoca, fechada
Dentro da panela, lá dentro cada vez
Mais quente, pensa que sua hora chegou:
Vai morrer. Dentro de sua casca dura,
Fechada em si mesma, ela não pode
Imaginar um destino diferente para si.

Não pode imaginar a transformação que
Está sendo preparada para ela.
A Pipoca não imagina aquilo de que ela é Capaz.
Aí, sem aviso prévio, pelo poder
Do fogo a grande transformação acontece:
BUM!

E ela aparece como uma outra coisa
Completamente diferente, algo que ela
Mesma nunca havia sonhado.
Bom, mas ainda temos o piruá, que é o
Milho de Pipoca que se recusa a estourar.

São como aquelas pessoas que, por mais
Que o fogo esquente, se recusam a mudar.
Elas acham que não pode existir
Coisa mais maravilhosa do que o jeito
Delas serem.
A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura.
No entanto, o destino delas é triste, já
Que ficarão duras a vida Inteira.
Não vão se transformar na flor branca,
Macia e nutritiva.
Não vão Dar alegria para ninguém.

(Extraído do livro: O Amor que Acende a Lua de Rubem Alves
)

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